Foi numa tarde de primavera, há cerca de 2000 anos atrás que um centurião romano observou a lenta morte de três homens. Um deles, em especial, chamou a atenção desse soldado - Jesus Cristo. Jesus tinha sido pregado numa estaca de madeira. O sol do meio-dia escurecia à medida que se aproximava o momento de sua morte. Quando ele morreu a terra tremeu violentamente, e o soldado exclamou: "Certamente este homem era o filho de Deus" (Marcos 15:39)

Aquele soldado tinha razão. Ele acabara de presenciar o mais importante evento ocorrido na Terra. Em ocasiões anteriores o próprio Deus chamara Jesus de seu Filho amado. (Mat 3:17; 17:5) Por que Jesus morreu?

Antes de vir à Terra, Jesus teve uma existência pré-humana. Ele é chamado "Filho Unigênito" de Deus, por que foi criado diretamente por Deus. Depois disso, Deus usou Jesus para trazer à existência todas as outras coisas. (João 3:18; Col 1:16) Jesus tinha afeição especial à humanidade. (Prov 8:30,31) Não é de admirar que fosse escolhido por Deus para vir à Terra morrer pela humanidade. Mas por que isso era necessário? Quando pronunciou a sentença contra Adão, Eva e Satanás no Éden, Deus falou de um futuro Resgatador, uma semente. Este anularia todo o mal causado por Satanás, o Diabo, a serpente original. Ao longo dos séculos, Deus fez revelações adicionais sobre tal semente. Uma delas está em Isaías 53:3-5, onde diz que a semente teria de sofrer e morrer para resgatar a humanidade da morte.

Alguns alegam que salvadores existem em muitas religiões, despercebem o fato de que a vinda da semente era há muito conhecida e Satanás tentaria confundir a identidade dela. Segundo a profecia de Daniel 9:24-26 o Messias viria à Terra para acabar com a transgressão e o pecado, e para fazer a justiça, eliminando assim a morte, da qual Satanás é o culpado. Mas como ele faria isso?

Os isralitas conheciam bem o conceito de expiação pelos erros. Na Lei de Moisés eles regularmente ofereciam sacrifícios de animais. Isto lembrava ao povo de Israel que os humanos precisam de algo para expiar, ou cobrir os seus pecados. Eles também sabiam que sacrifícios animais não podiam prover o permanente e completo perdão de pecados. Eles apenas prefiguraram o sacrifício do Messias (Heb 10:4,10; Gal 3:24) Mas por que era necessária a morte de Jesus?

A explicação está no Éden. Adão e Eva tinham uma vida eterna em mãos, vida que eles perderam por causa da desobediência. Quando adoecemos ou fazemos algo errado do qual depois nos arrependemos estamos sentindo os efeitos de tal imperfeição herdada. (Rom 7:21-25) A única esperança era recuperar o que Adão tinha perdido. Contudo como todos nós somos imperfeitos, todos pecamos e não merecemos a vida, mas a morte. (Rom 6: 23) Como poderia ser oferecido a Deus algo equivalente ao que Adão perdera? O padrão divino no caso de perda de vidas era alma por alma. (Ex 21:23) Era preciso oferecer uma vida para recuperar-se a vida que fora perdida. Mas não poderia ser uma vida qualquer, precisava ser uma vida perfeita, alguém com direito à vida eterna, como Adão tinha. (Salmo 49:7-9)

A Bíblia indica que Jesus tinha essa vida e que ele a entregou por nós. (1 Tim 15:45; 1 Tim 2:5,6) Ao passo que Adão transmitiu a morte a seus filhos, o legado de Jesus é a vida eterna. É por isso que Jesus é chamado Pai eterno. (Isaías 9:6,7)

Em 14 de nisã de 33 d.C., Jesus deu sua vida humana, eterna, em lugar da que Adão havia perdido. João 3:16 explica-nos por que Deus permitiu que tal coisa ocorresse. A morte de Jesus nos ensina também que a justiça de Deus contrabalança com seu amor. (Deut 32:4) Ele não podia simplesmente desconsiderar o defeito de Adão e conceder a vida eterna sem ter um meio legal para isso, pois se assim agisse teria violado sua própria lei e, então, como poderíamos confiar Nele?

A justiça de Deus, porém, exigia que Jesus voltasse a viver, uma vez que não merecia a morte. Foi por isso que depois dele ter passado três dias inconsciente Deus o ressuscitou como um poderoso ser espiritual. (Salmo 16:10; Atos 13: 35; 1 Ped 3:18)

Mas, para pagar o preço pelo que Adão perdera, Jesus entregou definitivamente a sua vida humana. Ao ser ressuscitado tornou-se um espírito vivificante. Dez dias depois disso ele retornou à presença de seu Pai, no céu, com o valor de sua vida perfeita entregue em lugar da nossa. (Heb 9:23-28) À partir de então o valor dessa vida preciosa podia ser usado em favor da humanidade obediente. Como isso nos afeta? E já que Jesus já morreu por que perdura o sofrimento? O capítulo 8 responderá a estas perguntas.